O que querem as mulheres negras?
- Psicóloga Fernanda Moreira
- 21 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Afinal, o que querem as mulheres? Este questionamento foi feito por Freud, depois de muito nos estudar. As infinitas respostas e críticas pouco me interessam, me atenho a reformular a questão: De quais mulheres estamos falando, Freud?
Aqui eu quero falar sobre as mulheres negras. Afinal, o que querem as mulheres negras? Com toda certeza esse questionamento é relevante. No funil dos direitos e reconhecimentos sociais, as mulheres negras estão na base.
Sendo atravessadas por dois vetores: racial e de gênero.
As exigências são diversas, ideal de beleza, de comportamento, de vestimenta, de hábitos. O patriarcado define como uma mulher deve ser (bela, recatada, e do lar), o ideal da brancura também (alisada, traços finos, corpos magros).
E é por esses vetores que a subjetividade, identidade e autoestima das mulheres negras é construída. A partir da negação da feminilidade, da beleza, da emocionalidade negra. Na aposta de que se deixarmos de ser quem realmente somos, seremos mais aceitas e escolhidas.
Sinto dizer que o resultado não é o esperado. Mesmo seguindo as “regras” patriarca1s rac1st4s, as mulheres negras ainda são vistas como serviçais, agressivas, exageradas, como não belas, e suxualiz4d4as. Ainda não são as escolhidas para parcerias amorosas ou cargos de confiança, nos hospitais as mulheres negras são as que mais sofrem viol3ncias. E nos empregos, recebem menos que homens e mulheres brancas.
No funil dos direitos sociais, a mulher negra está na base.
Em meio a tudo isso: Como ter autoestima sendo uma mulher negra? Tamanho desafio. Desafio de raça e gênero.
E respondendo à questão: Afinal, o que querem as mulheres negras? Eu arriscaria dizer que respeito, dignidade, humanidade, o reconhecimento social das suas potências e qualidades intelectuais e físicas. A possibilidade de se construírem e viver as suas subjetividades longe dos esmagadores vetores patriarcais e r4ci1stas.

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